
Você e o púlpito
O púlpito deverá ser como o trono do pastor. É ele um lugar sagrado. Nenhum outro lugar envolve maiores responsabilidades do que o púlpito numa igreja evangélica. Só deveriam ocupá-lo homens puros, diferentes dos do mundo, homens cuja vida se pautasse por idéias nobres e fossem dotados de ambição elevada. E que o púlpito pertence a Deus. É o caminho por onde se levam almas a Deus.
Fala-se muito e por diversos meios sobre as condições morais do mundo. É o assunto de jornais, de palestras e conversações por toda parte. Enganar é um modo de vida. Desonestidade e inveja são as violações ordinárias das leis morais da sociedade do nosso tempo. Os intelectuais descrevem, com pessimismo e pesarosos, a deterioração e enfraquecimento da moral básica nacional. Tem-se trazido em questão se o povo americano ainda tem força moral para enfrentar a guerra nuclear, ou, ao contrário, se se entregará sob quaisquer condições. Por quê? Por que nossa nação estaria mais fraca do que antes fora? Há mais sombra do que alegria, mais preocupações que felicidade em cada pessoa. Por quê? Por que há tanta gente angustiada, tantos desonestos, arrogantes e rixosos? E, em nossas igrejas, por que tantos crentes sem maturidade cristã? Há crentes egoístas. Crentes que sentem medo, que estão apreensivos, deprimidos, desanimados. Por quê? É que os pastores, no púlpito, não estão entregando mensagens apropriadas às necessidades do povo. Há alguns que consomem menos tempo no preparo da mensagem do domingo do que fazendo a feira num dia da semana.
Como poderei eu dizer o que deve ser dito, escrever o que deve ser escrito sobre o nosso tempo, sem parecer fanático, intolerante, exagerado, demasiadamente crítico ou mesmo fariseu? Sinto, porém, que devo suportar o que quiserem pensar de mim e não deixar de dizer toda a verdade, sem me embaraçar com as opiniões alheias. Por desagradáveis que sejam os fatos, força é enfrentá-los. A filha mais pequena de certo pastor perguntou-lhe: — Papai, qual a razão de você inclinar a cabeça toda vez que sobe ao. púlpito?
Respondeu-lhe o pai: — É que estou a falar com Deus, pedindo-lhe que me dê uma boa mensagem para pregar.
Insistiu a filha: — Por que, então, ele nunca a dá?
Quando o pastor chega ao púlpito já é demasiado tarde para orar e impetrar inspiração para as mensagens. Se antes de ali chegar já não se preparou convenientemente, não será quando já estiver na hora de pregar que adiantará pedir a Deus que o ajude. Ninguém guia ninguém além do ponto a que chegou. Muitos procurarão justificar-se, alegando falta de tempo para o preparo de sua mensagem. Se o homem não agarrar o tempo, este realmente nunca lhe chegará. Há que tomá-lo, apropriar-se dele, se quiser ter tempo. Todo pastor tem o dever de estudar, orar, organizar sua prédica de modo que ela tenha valor para os ouvintes, que têm fome no coração: fome do evangelho, fome da Palavra de Deus. Já tive ocasião de ver pastores desperdiçarem tempo dos ouvintes sem nada lhes dar de substancial, por falta de preparo prévio. E creio que muitos já assistiram a cultos assim, sem mensagem. Pode dizer-se que, se ali havia cinqüenta pessoas, foram cinqüenta horas perdidas, dois dias úteis, que poderiam ter sido empregados na explicação da Bíblia, iluminando e ensinando.
Há muitos tipos de mensagem para o púlpito. E há pastores que pregam mais em sentido negativo que positivo. È mais fácil falar contra alguma coisa, perdendo-se em generalidades, do que preparar-se para dizer alguma coisa especial e positiva. E certo que o pecado há de ser denunciado, aos brados. Mas pregar a Bíblia é mais que denunciar pecados. Quando o pregador põe toda a ênfase em pontos negativos da vida espiritual e exclui da sua palavra os maravilhosos aspectos positivos de Deus, poderá dizer-se que ele se faz culpado de pregar uma mensagem vazia, que não revela realmente a necessidade de sermos o que devemos ser.
O cristianismo não consiste só em não beber, em não fumar, em não jogar. Ê mais que isso. Pode o homem não praticar nada disso, e, todavia, nada valer para o reino de Deus. O morto está certamente liberto dos maus hábitos. Mas o de que necessita o nosso tempo é de homens vivos, de vidas não apenas limpas, senão também produtivas, fundamentalmente produtivas para o Senhor.
Naturalmente, o pastor que é fiel irá insistir nos perigos do inferno, mas sem se esquecer de apontar ao povo os esplendores do céu. Ao homem mau decerto se lhe dirá que terá de dar contas a Deus no dia do julgamento final. Mas que também se diga ao justo que há coroas à espera daqueles que se mantiverem fiéis a Cristo nesta vida. Há que dizer-se que o mesmo Deus que abala a terra com estrondo e risca os espaços celestes com relâmpagos também estende no céu a suavidade do arco-íris. Nunca deve o pregador deixar o púlpito sem mostrar, aos que se submetem e se humilham, o arco da aliança de Deus com os homens.
Suponhamos que você, pregador, em suas próprias meditações, entendeu que deve pregar um evangelho ousado, sem rebuços; resolveu pregar a Palavra de Deus intimoratamente e sem respeitos humanos, que não será mercenário. Por isso esteve de joelhos, em oração. Agora, sente que está preparado para pagar o preço de sua resolução.
Então, agora...
Haja cuidado, meu jovem pastor! Não pense que você é espiritualmente superior aos demais colegas. Não se permita pensar que é o único a pregar o evangelho da verdade, o único fiel à Bíblia, o único que tem suficiente coragem, o único pastor que prega mensagens positivas. Se há falsos profetas no mundo, se há muitos anticristos, pregadores, evangelistas e pastores mercenários, é, por outro lado, certo que há também os que trabalham sinceramente para a divulgação das grandes e fundamentais verdades do evangelho, lutando pela maior glória de Deus. E saiba, meu jovem pregador, que se você conhecesse as condições em que laboram e produzem certos obreiros da seara de Deus, você haveria de sentir-se humilhado.
Pregando, não deixe que o povo duvide do seu amor para com ele. Ainda apontando os perigos do pecado, deve fazê-lo com prudência, humildade e amor. Diga ao seu povo freqüentemente que o ama.
Mostre isso com fatos. Seja pastor, e não tirano; seja líder, e não ditador. Seja correto para com os que o ouvem; revele-lhes os fatos tais e quais são. Mas, antes que largue o pincel, pinte-lhes um quadro de esperança. Insista em dizer ao povo que Deus o ama, que Deus lhe quer dar salvação e eterna esperança. Apresente-lhe o Salvador dorido e ensangüentado e diga-lhe que só nele está a solução para todos os problemas da alma. Quando você tiver atuado assim, esteja certo de que foi fiel à vocação de Deus.
Não humilhe do púlpito jamais seus ouvintes. Não faça do púlpito tribuna de acusação contra pessoas individualmente. Seria impertinência e até covardia de sua parte. Não só aquele que fosse atingido por suas palavras diretas, mas mesmo aqueles que não simpatizam com a vítima não se sentiriam bem, vendo que você deixou sem defesa nem resposta o atacado e abusou de sua posição privilegiada. Quando for o caso, vá pessoalmente falar, em separado, à pessoa que precisa ser, advertida. Será, assim, mais útil, mais discreto. Nada se ganha em humilhar alguém publicamente.
Pensemos, agora, na situação do pastor no púlpito. Hão que ser ali observadas algumas regras básicas. Refiro-me às boas maneiras do pregador, que deve manter uma postura que revele integridade e bondade. É menos importante que isso, tudo aquilo que decorre do talento pessoal do pregador e de sua personalidade. A pessoa deve ser o que Deus quer que ela seja. Billy Sunday era atleta, por que lhe era natural pular e saltar na plataforma como lhe era natural respirar. Por isso alcançou êxito. O bom ou mau êxito do pregador depende da observância dessa espontaneidade e naturalidade. A pregação não tem por objetivo a observância de regras convencionais: o fim da pregação é alcançar, com sua mensagem, o coração do povo. Se tivesse sido ensinado a Billy Sunday ficar hirto por detrás dum púlpito, como estátua, possivelmente, nunca o tivessem ouvido milhares de pessoas e não se tivessem salvo.
Há muitos "chavões" na pregação dos pastores modernos. Pregadores há que foram treinados em como gesticular, modular a voz, fazer os gestos com uma ou com ambas as mãos. Esqueça-se disso, jovem pastor! Quando for pregar, pregue. Fique à vontade. Exerce. Deixe que o povo creia que você acredita no que prega. É possível que algum critico formal e afetado não goste de seu modo, mas você sacudirá almas. E é tudo. Seja você mesmo. Se você é de seu natural expansivo e alegre, mantenha-se assim no púlpito. Com isso não quero inculcar que você seja um palhaço, um macaco ou acrobata no púlpito. Mas seja o que você é, tal como Deus o fez.
Já tenho ouvido muitas críticas a pregadores que gritam, que clamam veementemente no púlpito. Não estou, porém, certo se é o grito ou o sentido das palavras que atinge as pessoas. O pastor das maiores igrejas do mundo é daqueles que gritam, que usam, choram e ficam de rosto rubro. Ele certamente viola todas às regras convencionais da oratória, mas sua pregação é eficaz, converte almas. Ao som da sua pregação, os crentes crescem em espiritualidade. Homens ricos, semanas após semanas o ouvem, assistem aos seus sermões. E não são apenas membros de igreja, mas membros ativos no trabalho. Professores universitários e de seminários ouvem-no e se alimentam de sua mensagem. Sua igreja levanta mais dinheiro por ano que qualquer outra, em qualquer parte. E, todavia, ele è um pregador que só prega gritando. Se o pregador sai a clamar que clame, se é que tem alguma coisa a proclamar. Porém barulho só não basta; gritos só não edificam. Trovoada sem chuva não faz as plantas medrarem. Se for do seu natural gritar no púlpito, grite, mas que venha chuva após a trovoada.
Por vezes, não tem o pregador nada a dizer. Então ele grita, para esconder a pobreza de sua mensagem. Neste caso, só ele se engana, porque os ouvintes, esses sabem o que se passa com o pregador.
Certo pastor foi remisso em preparar o sermão para a manhã de domingo. Apressadamente escreveu alguma coisa e fez observações à margem. Durante a pregação, o vento carregou o papel pela janela, vindo o diácono a achá-lo depois no jardim. Foi muito divertido o que estava anotado à margem de certo ponto do esquema: "Este ponto é fraco. Grite bastante, bem alto." O sermão tem de ser previamente preparado, para poder atingir corações.
Não tenha medo de mostrar emoção, quando ela ocorrer durante a pregação As lágrimas, em tais casos, revelam o sentimento de que está o pregador possuído. Se seu coração estiver excitado, saiba que o dos outros também o está. Isso pode significar que a terra está arada e úmida, pronta para receber a semente. A adoração verdadeira, eis a tarefa do coração, e não da mente. Se a mensagem não alcançar o coração do homem é de duvidar se ele o ajudou em alguma coisa. O que se há de dizer, nesse particular da emoções, é que não devem ser reprimidas, mas também não exageradas. Não as evite quando chegarem, mas não tente pregar para fazer o auditório chorar. Pregue, no entanto, contra seus pecados, sobre seus problemas, desejos, esperanças, suas angústias e suas incertezas. Muitos serão tocados e talvez chorarão. Sairão da igreja mais ricos da experiência por que acabaram de passar.
Deve o pastor, bem cedo, em sua vida ministerial, munir-se de um bom número de ilustrações para usar em seus sermões. As melhores ilustrações são as que saem da própria vida. Raramente se encontram boas ilustrações nos livros. Elas surgem da feira, do mercado, das viagens em coletivos, das estradas, dos campos, das casas. Onde quer que pulse o coração do homem, ali existirá uma estória boa para ilustrar um sermão, colorindo, explicando, encantando. A qualquer momento pode surgir uma boa ilustração. Esteja atento para apanhá-la, e aplicá-la. Onde quer que a encontre, tome-a. "Ainda as vidas mais humildes têm estórias vividas de grande substância. Utilize-as com propriedade.
Certa ocasião, em viagem, surgiu uma cena de muita riqueza espiritual. Era a de um matadouro de muita graveolência. Ali se transformava a carne de animal em fertilizantes. Caminhões traziam, de toda parte, animais mortos. A carne do animal era cozida depois de escalpelada e premida em feitio de bolo. O fartum que dali se desprendia era intolerável. Quando, certa feita, comprimia o nariz, evitando o mau cheiro, vi, num caminhão, que havia quinze ou vinte velhos animais que aguardavam a vez de serem mortos e sua carne ter o tratamento industrial. Veio-me desse espetáculo o pensamento de que aqueles animais tinham sido até ali úteis, tinham realizado muito trabalho, e agora, inúteis ao serviço, iriam juntar-se aos outros nos caldeirões a serem convertidos em adubo. Tomei o fato para dele fazer minha ilustração de clara aplicação espiritual. Homens há que servem a Satanás durante toda a vida, dão-lhe o melhor de sua mocidade, a flor de sua juventude. Chegados ao fim, que lhes acontece? A morte, o inferno.
Os jornais são também um repositório de ilustrações. Sermões de outros pregadores podem estimular seu pensamento, abrir suas idéias. Busque as ilustrações que vêm da vida, donde quer que procedam. Poderão elas ser como janelas que façam claridade em sua mensagem, e permitam ver a essência da mesma, ajudando a ver e discernir as coisas maravilhosas de Deus.
Não leia seu sermão. A leitura desvia o olhar, que deve estar posto no ouvinte. Olhando para o povo, sua mensagem torna-se mais poderosa, ganha em vigor e sentido.
Dois velhos voltavam à casa depois do culto. Um deles perguntou ao outro o que tinha achado da mensagem do novo pregador, naquela manhã, ao que respondeu o companheiro: — Achei-lhe três defeitos. Primeiro, ele leu o sermão; segundo, leu mal; e terceiro, o que leu não tinha valor.
Se tiver que ler seu sermão, saiba lê-lo e faça que ele contenha alguma mensagem para os ouvintes. Não digo que meça suas palavras; apenas digo que deve pesá-las. É a qualidade e não a quantidade das palavras o que mais importa. É nisso que elas diferem: no peso, e não no número. Que tamanho deverá ter um sermão? poderá alguém perguntar. A resposta é: Deve ter o tamanho necessário para alcançar seu objetivo. Ver-se-á, com surpresa, que é curto o caminho e pouco o tempo a gastar-se para o sermão alcançar seu fim. Quase todos os pregadores falam muito. É isso falta de planejamento prévio para desbastar o sermão e pôr em claro as idéias que precisam ser salientadas. Em meia hora, ou ainda menos, pode ser feito um sermão e nele dizer-se tudo que convém. Poucos são os pregadores que conseguem prender a atenção dos ouvintes durante uma hora ou mais. Lembre-se de que um sermão é um sermão e não uma corrida olímpica. Não se julga um sermão pelo tempo gasto, mas pelo seu conteúdo e seus resultados. Se Deus estiver dirigindo suas palavras, continue até que Deus termine. E, nesse caso, saiba que foi Deus, e não você quem falou. Se não for breve, certamente virá a perder seus ouvintes. A história da criação do mundo está contada, no Gênesis, em apenas quatrocentas palavras, e os dez mandamentos estão expressos com duzentas e noventa e sete.
Tudo que pretendi dizer sobre você e seu púlpito se resume nisso: Antes de pregar seu sermão, prepare-se e ore. Entregue sua mensagem com naturalidade. Alcance com ela o coração dos pecadores, com ela alimente os crentes, para crescerem na vida cristã. Focalize seus propósitos antes de pregar, para não perder a atenção dos ouvintes com sua verbosidade. Pregando assim, preparando-se antes, mostrando-se interessado pela sorte dos pecadores, trará, sem nenhuma dúvida, maior glória para Deus e muitas almas para seu reino.
Capítulo 8 do livro O Jovem Pastor- John B. Wilder. Editora Juerp. 1981.
O blog centro teocrático de pesquisa bíblica, de bíblica não tem nada, o blogueiro e mais um daqueles anônimos que não gosta de ser refutado.
ResponderExcluirAs testemunhas de jeová não podem ficar acessando a internet e seguir a doutrina cristã.Por essa razão, o blogueiro do centro teocrático, vive no anonimato em nosso meio da blogosfera,ele não se identifica nem por nome ou por foto. Se um tal pastor, largou o cristianismo e supostamente se converteu ao Islamismo, dentre pouco muitos blogueiros cristão ou evangélicos vão se converter a essa seita que é um perigo. Quando descobri, que se tratava de uma forma sorrateita, que esse anônimo vem usando deixei de segui-lo e bloqueei ele também em meu blog, sabe qual foi a atiutde dele? postou um comentário em meu blog, dizendo que era preconceito e outras asneiras que eu não publiquei.